Uma brincadeira de escola virou assunto sério para Sarah Menezes. Começando no judô por ser uma novidade em seu colégio, ela gostou da prática, seguiu treinando e encontrou um talento para o esporte. Anos depois, a judoca conquistou o Brasil, levou o nome do Piauí para o mundo e se viu no topo do pódio nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012.
Medalhista de ouro, ela foi a primeira mulher a chegar neste patamar na história do judô brasileiro. Sua conquista mudou o rumo da modalidade e a colocou no lugar em que todo atleta gostaria de estar. Hoje com 29 anos, Sarah já começa a pensar na vida pós-carreira, mas sem perder o foco em chegar na sua terceira Olimpíada em Tóquio 2020.
Na série ‘De Olho no Pódio’, o site oficial do Flamengo conta as histórias de alguns dos principais atletas do clube e do Brasil, passando pela vida pessoal, carreira e, claro, o Mais Querido. Conheça um pouco mais daqueles que fazem os esportes olímpicos rubro-negros e brasileiros mais fortes.
Início no judô
Comecei a praticar o judô na escola por brincadeira, não foi nada planejado. Eu tinha nove anos de idade e entrei por ser uma novidade no colégio. Acabei gostando.
Chegada ao Flamengo
Meu contato no Flamengo foi com a Rosicleia (Campos, treinadora rubro-negra e do Brasil). Conversei com ela e disse que gostaria de ir para um clube grande, que pensei nela por ter interesse em estar aqui. Disse que se conseguisse algo, eu avisaria para o Expedito (Falcão, treinador que projetou Sarah) e viria para cá. A Rosi falou com as pessoas do clube e então deu tudo certo.
Quis mudar um pouco depois dos Jogos Olímpicos do Rio. Tive uma lesão, fiquei afastada um período e no ano seguinte isso aconteceu. Fiquei um tempo na minha cidade e resolvi procurar um clube. Conversando com a Rosi, ela me disse para esperar um pouco e acabei ficando no Flamengo.
Dia a dia no Mais Querido
Todo dia é marcante. Estou sempre fazendo o que gosto, treinando, aproveitando a estrutura que o clube dá. Quando preciso de alguma coisa, vou atrás, marco, faço. Acredito que estou aqui por gostar do que faço. Atualmente minha rotina diária é muito tranquila. De manhã fico em casa, passeio com a minha cachorra, marco fisioterapia se aparecer alguma lesão, tenho ainda psicólogo e nutricionista. Duas vezes por semana faço ainda a parte física pela manhã e nos outros dias é à tarde. Descanso mais um pouco, estudo francês pelo celular e à noite tem o treino de judô.
Dificuldades na carreira
Enfrentei muitas barreiras até chegar nesse nível que estou hoje. No início da minha carreira, como era muito magrinha, ninguém apostava em mim. Vim de um lugar pobre e sem tanta tradição no esporte (nordeste do Piauí), em 1999 não tinha nada. Foi difícil conseguir parceiros e patrocinadores para fazer viagens. Quando você não é da Seleção, precisa pagar do seu bolso para viajar. Sair de lá para ir para outra região era muito caro, então passei dificuldade por isso. Depois que comecei a representar o Brasil, foi mais fácil por ter toda estrutura. Antes tinha tudo por amizade, conhecendo médico, nutricionista, psicólogo.
Para atletas de alto rendimento, na verdade, não sinto nenhum problema. Acredito que, quando você chega nesse ponto, é tudo muito fácil. Você não tem a dificuldade, pois ela vem quando você não está nesse patamar ainda. Aí você precisa ir atrás de patrocinadores e estrutura para ter um empenho bom. A parte mais complicada é fazer um treino machucado, estar doente, coisas do tipo.
Principais competições de 2019
Todas as competições são muito importantes, pois brigamos para pontuar e ‘rankear’ para chegar aos Jogos Olímpicos. Então todos os torneios internacionais são relevantes. O próximo é no início de julho, um Grand Prix em Montreal, ainda tem o Mundial. Tudo isso conta pensando em Tóquio.
Mudança de categoria
Essa mudança foi porque eu passei o peso no início do ano, então fizeram um teste e minha massa corporal estava na categoria que eu já tava, que era -48kg. Me chamaram para uma reunião, conversaram e explicaram que todos os atletas que passaram por isso resolveram subir de categoria ou saíram da Seleção. Resolvi arriscar no Meio Leve, que é até 52kg.
Hoje o judô está diversificado, pois até nas categorias mais leves existem jovens mais altos. Agora nessa de -52kg, o que muda é essa questão da altura e a dificuldade de acordo com a regra, além da força, pois o nível é diferente para as meninas que são mais experientes.
Preparação para os Jogos Olímpicos
Minhas expectativas são sempre boas. Está bem difícil, pois comecei o ano mudando de categoria e fiquei atrás no ranking. Como não fui escalada para as primeiras competições por conta disso, fiquei para trás. Não tive tanta evolução nos torneios que participei. Agora é o momento de estar no pódio em tudo que eu lutar, principalmente em primeiro ou segundo. Se eu ganhar medalhas, a Confederação vai me escalando para outros eventos e assim vai até maio do ano que vem, quando acaba essa fase de conseguir pontos no ranking.
Estrutura familiar
Tenho duas irmãs, um irmão, meus pais e alguns sobrinhos, além de outras pessoas que não moram comigo. A maioria é rubro-negra. Minha mãe é fanática. A família é bem grande, só lá em casa são uns dez.
Ídolos
Quando entrei no judô comecei a ter o conhecimento dos atletas de alto nível e me espelhava muito dentro do meu esporte. Olhava para o Flávio Canto, Tiago Camilo e Leandro Guilheiro. Sempre ficava assistindo quando tinha treinamento dos meninos. Eu achava que eles faziam um judô muito fácil e acabei me inspirando para seguir em frente.
Vida pessoal
Faço faculdade de Educação Física e estou quase me formando. Além disso, faço aulas de francês em um aplicativo e estou conseguindo entender melhor. Tenho mais confiança nessa língua por causa do meu noivo. Meus hobbies são ir ao cinema, teatro, sair com os amigos, ir em restaurantes. Mas sou muito caseira.
Ficha técnica
Nome: Sarah Gabrielle de Cabral Menezes
Data de nascimento: 26/03/1990
Idade: 29 anos
Altura: 1,56m
Naturalidade: Teresina, Piauí
Principais conquistas: Ouro nos Jogos Olímpicos Londres 2012, bronze nos Mundiais Rio 2013, Paris 2011 e Tóquio 2010, prata nos World Masters Guadalajara 2016 e Tyumen 2013, tetracampeã pan-americana (10, 13, 15, 16), campeã do Grand Slam de Tuymen 2014
Fonte: Flamengo.com.br