De olho no pódio: Vangelys Reinke

A rotina começa cedo e termina tarde para Vangelys Reinke. Diariamente, ele chega às 6h30 na sede náutica do Flamengo, treina forte até às 11h, vai até a Ilha do Governador para dar aula em uma escola da Marinha, retorna ao clube para mais uma etapa de treinamentos e finaliza as atividades na faculdade de Educação Física. Mesmo com o dia corrido e cansativo, o remador capixaba de 28 anos está sempre com um sorriso no rosto e pronto para dar o seu melhor.

Vangelys é um dos principais nomes do remo rubro-negro atualmente. Integrando a Seleção Brasileira que estará no Pan-Americano de Lima, no Peru, o atleta foi um dos responsáveis pela classificação do barco brasileiro na prova Quatro Sem Peso Leve e quer mais. No esporte desde 2005, o capixaba chegou ao Flamengo pela primeira vez em 2013, competindo e trabalhando na escolinha rubro-negra. Ele saiu e retornou em 2015, ficando apenas alguns meses para, então, voltar de vez em 2017.

Superando barreiras desde novo, ele deixou para trás os desafios do início da carreira, a saudade do Espírito Santo e as dificuldades de ser um atleta de alto rendimento para focar no sonho de representar o Flamengo e a Seleção Brasileira nas competições mais importantes da modalidade.

Na série ‘De Olho no Pódio’, o site oficial do Flamengo conta as histórias de alguns dos principais atletas do clube e do Brasil, passando pela vida pessoal, carreira e, claro, o Mais Querido. Conheça um pouco mais daqueles que fazem os esportes olímpicos rubro-negros e brasileiros mais fortes.

Começo no remo
Comecei por acaso, por convite de alguns amigos do bairro. Minha casa ficava a 18 km do local do treino, então era muito distante. Mas foi assim que entrei no remo. Essas pessoas me convidaram, fui no primeiro dia e achei maneiro, então passei a ir sempre. Às vezes não tinha dinheiro para a passagem, então dava meu jeito, indo de bicicleta, correndo. Decidi remar profissionalmente quando tinha 16 anos e meu pai foi preso. Passaram a me apoiar muito no clube, dizendo que se eu competisse me dariam um dinheiro. Comecei a me dedicar mais pois sabia que precisava ajudar em casa.

Chegada ao Flamengo e retorno ao clube
Sempre fui flamenguista, mesmo quando era só torcedor. Tinha algumas referências, e uma delas era o Capi (Thiago Almeida), que estava aqui no Flamengo. Ele esteve no Pan-Americano do Rio em 2007, foi para Pequim 2008 em seguida. Ser como ele passou a ser um objetivo. Nos conhecemos no clube em que comecei, conversamos e ele me viu em alguns campeonatos. Quando fui ficando mais velho, ele teve mais contato comigo por ter ficado um ano treinando no Espírito Santo e passou a acompanhar quem estava trabalhando mais, quem estava indo melhor. Através dele que cheguei aqui pela primeira vez em 2013, quando estava no Sub-23. O Capi foi o primeiro a abrir as portas e acreditar que eu poderia ser um remador de alto nível. Fiquei no Flamengo até 2014 e em 2015 me contrataram de volta. Eu treinava no meu estado e vinha só competir, mas logo saí novamente.

Quando voltei em 2017, também foi o Thiago Almeida que falou com o Bruno Cotecchia (antigo Vice-Presidente de Remo). Disse que eu era um garoto bom e me ajudou a ter mais uma oportunidade. Foi a época que o Flamengo começou a investir mais, trazer mais atletas de fora, então aí que cheguei pela segunda vez.

Momento marcante na carreira
A conquista dos segundo lugar no Pré Pan-Americano do ano passado, pois foi o momento mais importante da minha carreira. Batalhei muito para conseguir ficar dentro da guarnição. Conseguir essa medalha, que era inédita para o Brasil, foi surreal.

Desafios de ser um atleta de alto rendimento
Os maiores desafios são os diários, as coisas que as pessoas não enxergam normalmente. Todos olham muito os resultados, tempos melhores, um recorde. Mas são as pequenas coisas que vão acumulando, os estresses diários vão aumentando. Isso é muito difícil. Temos dificuldades normais como qualquer pessoa, nem todo dia você está feliz. É complicado chegar para treinar pensando em sempre dar o seu melhor, apoiando seu grupo. Se manter 100% no foco é a maior dificuldade. É o seu sonho, não é o de mais ninguém. Então você tem que escolher estar bem e não deixar que as coisas externas te levem.

Pan-Americano
A principal competição do ano é o Pan. Estamos correndo atrás de uma medalha de ouro, batendo todos os índices desde janeiro. O próprio Bernhard (Stomporowski, treinador rubro-negro) acredita muito no nosso barco. Trazer essa conquista no Quatro Sem Peso Leve seria inédito. Dependendo do resultado, ainda podemos ir para o Mundial e, quem sabe, buscar uma vaga nas Olimpíadas.

A preparação está muito forte. Nenhum atleta do Brasil passou por esse tipo de treinamento desde janeiro. Alguns até pensaram que iam quebrar pelo ritmo. Faltando pouco menos de um mês para o Pan, já estamos habituados. Sentimos a evolução tanto na 1ª Regata do Estadual quanto na Seletiva, isso fez muita diferença. Estamos com força total para encarar os desafios.

Apoio da família
Minha família é a base de tudo. O que me sustentou na maior parte do tempo foram eles, são as pessoas que mais acreditaram em mim. Sempre que podem, eles pegam o carro só para ver a Regata. Saem sábado do Espírito Santo, chegam de manhã no dia seguinte, assistem a prova e voltam. São 16h pra ver uma prova de seis minutos, então é um sacrifício muito grande só pra mostrar que estão ao meu lado. Eles gostam de estar presentes, sempre me ajudando a seguir focado no meu sonho.

Ídolo no esporte
Ayrton Senna. Desde cedo sempre vi muito Fórmula 1 com o meu pai. Acabei gostando e assisti até a minha adolescência. Quando fui ficando mais maduro, entendi melhor essa ideia do que é ser esse atleta que representa a nação, de você ter a identificação das pessoas. O Senna era um exemplo de como o atleta deve se comportar perante a sociedade. Acho isso muito forte.

Hobbies
Trilha, cachoeira, praia, ciclismo. Contato com a natureza.

Outros esportes além do remo
Sou muito eclético com esportes, gosto muito de ver futebol, basquete, vôlei. Sou muito interessado em torcer, principalmente se for pelo Flamengo.

Ficha técnica
Nome: Vangelys Reinke Pereira
Idade: 28 anos
Altura: 1,88m
Naturalidade: Vila Velha (ES)
Principais conquistas: Tricampeão do Campeonato Brasileiro, prata no Pré-Pan Americano, nove vezes campeão Estadual no Espírito Santo, quatro vezes da Copa Norte-Nordeste e bicampeão de Volta à Ilha de Vitória-ES

Fonte: Flamengo.com.br

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