A pesquisa O GLOBO/Ipec que detalha o tamanho e os perfis das torcidas no futebol brasileiro ajuda a quantificar uma impressão generalizada: a de que a consolidação do Flamengo como líder isolado na preferência nacional está intimamente ligada à penetração do time em territórios bem distantes da sua sede, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro.
Em nenhum dos recortes aferidos pelo levantamento o domínio rubro-negro é tão grande quanto no que compreende a preferência dos moradores do Norte e do Centro-Oeste. Nessas regiões, apresentadas em conjunto na pesquisa, o Fla alcança 37,5% dos torcedores — ou seja, uma presença superior a um em cada três pessoas. É o maior domínio entre todos os dados da pesquisa. Seu perseguidor mais próximo, o Corinthians, aparece a uma distância confortável, com 15,5%.
Quem também ajuda a impulsionar a força rubro-negra é o Nordeste. Por lá, um em cada quatro torcedores se identifica como rubro-negro — ou 25,2%, segundo o dado exato do levantamento. Mais uma vez, a competição está distante: o alvinegro paulistano aparece com 10,4%.
Nas outras regiões, o Flamengo aparece abaixo de sua média nacional. Tem a preferência de 19,3% dos moradores do Sudeste, o que está diretamente ligado à superioridade populacional do estado de São Paulo, e de apenas 6,6% dos habitantes do Sul (aqui, os cariocas surgem apenas na quinta posição). Nesta quarta-feira, o GLOBO divulga todos os detalhes do levantamento dividido por região no Brasil.
Ser tão querido entre moradores do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste ajuda a engrossar inclusive a fatia rubro-negra entre os brasileiros com as menores rendas. Um recorte publicado pelo GLOBO nesta terça-feira mostra que o Corinthians ultrapassa o Fla na parcela mais rica da população, enquanto o time carioca segue firme nas outras faixas de remuneração. A Pnad Contínua divulgada pelo IBGE no mês passado aponta que o Nordeste segue como a região com o menor rendimento médio mensal domiciliar: foram R$ 843 em 2021.
Dois outros fatores ligados a aspectos geográficos corroboram a pujança rubro-negra: apesar de ter sua presença mais significativa em capitais (23,8%), o Flamengo aparece muito bem distribuído pelo interior (22,2%) e na periferia (16%). Também está quase homogeneamente presente em municípios com até 50 mil habitantes (21,4%), com mais de 50 mil e até 500 mil habitantes (20,5%) e com mais de 500 mil habitantes (23,7%).
Veja abaixo mais dados estratificados da torcida do Flamengo:
RAIO-X DA TORCIDA DO FLAMENGO
Dados da Pesquisa OGLOBO/Ipec – Fatias do rubro-negro entre todos os entrevistados
NÚMEROS GERAIS: 21,8% (1º lugar do levantamento)
SEXO
Masculino 23,8% (1º)
Feminino 20,0% (1º)
IDADE
16 a 24 – 26,2% (1º)
25 a 34 – 23,9% (1º)
35 a 44 – 20,3% (1º)
45 a 59 – 21,8% (1º)
60 ou mais – 17,6% (1º)
REGIÃO
Norte/Centro Oeste – 37,5% (1º)
Nordeste – 25,2% (1º)
Sudeste – 19,3 (2º)
Sul – 6,6% (5º)
RENDA FAMILIAR
Mais de 5 salários mínimos – 17,3% (2º)
Mais de 2 a 5 salários mínimos – 22,9% (1º)
Mais de 1 a 2 salários mínimos – 25,9% (1º)
Até 1 salário mínimo – 20,8% (1º)
RELIGIÃO
Católica – 21,6% (1º)
Evangélica – 23,8% (1º)
Outras – 20,0% (1º)
*A pesquisa O GLOBO/Ipec foi feita entre 1 a 5 de julho de 2022, e entrevistou presencialmente 2.000 brasileiros com 16 anos ou mais, em 128 municípios de todas as regiões do Brasil. A margem de erro total no levantamento geral é de 2 pontos para mais ou para menos, mas para este estudo foi calculada especificamente para cada clube. Para análises estratificadas, os dados numéricos indicam tendências, mas a distância de 5 pontos percentuais tem maior precisão estatística. A soma dos percentuais pode ultrapassar os 100% porque os entrevistados poderiam citar mais de um time.
Fonte: O Globo