Relatório Grêmio – Parte 3 / por Téo Benjamin (@teofb)

Neste terceiro e último compilado tático sobre o time de Renato Gaúcho antes do jogo na Arena Grêmio, Téo Benjamin analisa a defesa tricolor

Geromel e Kannemann formam uma das mais elogiadas duplas de zaga do Brasil. Mas não é só deles o trabalho defensivo do Grêmio. Hora de entender como o time se defende e o que faz quando perde a bola.

Na Parte 1, tentei esboçar o estilo de jogo do Grêmio a partir dos números. Na Parte 2, explorei a fase ofensiva. Mas nada acontece isolado no futebol. A forma como você defende influencia a forma como você ataca e vice-versa.

Sem a bola, o time costuma se fechar no 4-4-2, recuando os pontas e mantendo o meia ao lado do atacante para atrapalhar um pouquinho a saída do adversário. Mas existem muitas, muitas nuances nessa fase defensiva.

O melhor lance para entender como o Grêmio se defende talvez seja a primeira jogada do Santos na Vila. É um grande resumo do jogo gremista sem bola. Veja ele agora e volte aqui depois de ler tudo. Percebe os padrões?

O Grêmio marca com “encaixes por setor” na linha de defesa. O que isso quer dizer? Cada um pega o adversário que entra em seu setor e o persegue até a jogada mudar de lado. Com isso, é comum ver os zagueiros e laterais saindo para a “caça” e abandonando suas posições originais.

Em oposição, o Flamengo marca mais por zona, se preocupando muito mais em manter a linha de quatro defensiva bem posicionada e com cada zagueiro e lateral cuidando de um pedaço do campo.

Não é à toa que Geromel e Kannemann recebem tantos elogios. Eles são bons demais. Mas, para além disso, é comum que esse tipo de marcação chame mais atenção para os zagueiros mesmo. Que o digam as duplas de zaga de Palmeiras e Internacional.

É mais ou menos o que acontece com goleiros que têm muito reflexo. Mesmo que se posicionem mal, fazem defesas plásticas, que parecem dificílimas, e chamam muita atenção. Zagueiros que se antecipam o tempo todo também ficam na memória.

A essa altura você deve estar lembrando da zaga do Inter e dos espaços que ela deixava por conta dessa caça constante.

Até existem semelhanças. O Flamengo, inclusive, aproveitou exatamente esse espaço nas costas da zaga com uma mudança inteligente no jogo do turno.

Mas esse buraco não é tão comum por causa das coberturas do Grêmio. Ao contrário do Inter, o time de Renato Gaúcho se preocupa bastante em manter a linha de quatro formada. Quando um zagueiro ou lateral sai para caçar, um volante entra para ocupar o espaço.

Assim, a defesa do Grêmio às vezes vira uma aparente bagunça, com as posições totalmente trocadas, mas o formato da linha intacto.

Mas você reparou onde surge o espaço? Sim, existe um buraco enorme no meio-campo! Espaço que foi muito bem aproveitado pelo Athletico na Copa do Brasil em seus dois gols.

Esse buraco aparece também porque o Grêmio ataca com muita gente e fica vulnerável a contra-ataques. Sabendo disso, o time opta por fazer pouca pressão na bola logo depois de perder a posse. A maior parte dos jogadores já começa a correr para trás buscando fechar os espaços atrás.

A defesa é boa. Os zagueiros são tudo isso que se diz. Mesmo assim, há espaços. Como sempre, futebol é um jogo de cobertor curto: você cobre de um lado, acaba ficando descoberto do outro. Justamente por isso é tão fascinante.

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Essa análise foi desenvolvida por Téo Benjamin.
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Artigo: Relatório Grêmio – Parte 3

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